quinta-feira, 30 de julho de 2015

Cesariana em cadelas - Quando optar pela cirurgia

Enquanto o mundo humano eleva a polêmica em torno das cesarianas e partos normais, defendendo diferentes pontos de vista e, em muitos casos, condenando a prática cirúrgica para o nascimento de crianças; o mundo veterinário segue tendo a cesariana em cadelas como uma solução confiável para muitos casos – podendo evitar uma série de problemas na hora do nascimento das crias caninas envolvendo tanto a mamãe pet como os seus novos filhotes.
No entanto, assim como no mundo da medicina humana, não é sempre que a cesariana em cadelas é o meio mais indicado para trazer suas crias ao mundo – havendo algumas situações bastante específicas em que esse tipo de procedimento é recomendado. Embora, em boa parte dos casos, a cesariana em fêmeas seja uma cirurgia adotada em casos de emergência; há, também, muitas situações em que os profissionais veterinários conseguem identificar possíveis dificuldades no parte de uma cadela de forma antecipada, podendo, então, programar uma cesariana para evitar as complicações.
Os casos de possíveis partos distócicos (ou seja, de difícil realização) em cadelas podem ser definidos em função de diferentes fatores - que incluem desde a identificação de uma bacia pequena demais da fêmea para a passagem dos filhotes até o sofrimento fetal – e é importante levar sua cadelinha prenhe ao veterinário ao longo da sua gestação, possibilitando que uma analise detalhada seja feita e, dessa forma, não haja acidentes ou surpresas na hora do parto.
Mesmo sabendo que cerca de 95% dos partos em cadelas são normais, os 5% restantes podem ser de grande perigo para a vida e a saúde do animal – sendo que há, ainda, algumas raças específicas (como Bolldogs e Pugs) onde as chances de um parto distócico são extremamente altas, principalmente em função das suas características anatômicas nada favoráveis para um parto normal; incluindo a braquicefalia, que consiste no focinho achatado da pet.
Confira, a seguir, como funciona a cesariana em cadelas e quais são os casos em que esse tipo de procedimento é recomendado:
Cesariana em cadelas e partos distócicos
Conforme citado anteriormente, a grande maioria dos casos de partos em cadelas é feita de maneira normal; no entanto, há alguns casos específicos e emergenciais em que a cesariana pode ser indicada – que estão sempre relacionados a algum tipo de risco de vida para a mãe ou as crias. Os principais casos em que uma cesariana programada em cadelas é recomendada são:
  • Número de filhotes muito alto ou muito baixo Nos casos em que a ninhada a nascer conta com muitos filhotes – determinando um número de crias anormal para a raça em questão – a cesariana pode ser indicada, já que isso representa um grande perigo para cadela e crias em função de uma possível exaustão do útero da cachorra. No entanto, quando o número de filhotes é baixo demais, isso também pode representar a possibilidade de problemas, já que apenas uma cria pode não estimular o útero da cadela de maneira suficientemente boa para que haja um parto normal.
  • Cadelas com historio de complicações no parto As fêmeas que já tiveram partos distócicos apresentam grandes riscos de que a situação se repita e, por isso, uma cesariana programada pode ser altamente recomendada nestes casos.
  • Cadelas muito jovens ou muito idosas As contrações uterinas que são necessárias para a realização de um parto normal em cadelas podem não ocorrer quando a fêmea tiver ficado prenhe no seu primeiro cio ou se for de idade avançada; necessitando de uma cesariana para que os filhotes possam nascer sem complicações.
  • Raças com maior propensão para partos distócicos Conforme explicado, há uma série de raças que contam com chances maiores de passar por problemas graves durante o parto – em função de serem braquicefálicas (de focinho curto e achatado), por exemplo.  Neste grupo específico, podemos citar raças caninas como Bulldog, Bulldog Francês, Pequinês, Pug e Boston Terrier, entre outros.
  • Sofrimento fetal Por meio do acompanhamento da gestação da cadela por um médico veterinário profissional é possível detectar a possibilidade de sofrimento fetal – que ocorre em função de o feto já estar passando do tempo de nascer e a mãe não conseguir fazer seu parto - podendo, desta forma, realizar uma cesariana para que o filhote acabe com os riscos de morrer.
  • Características corporais desfavoráveis para o parto Cadelas com alterações corporais que possam dificultar o parto normal também podem precisar de cesarianas, sendo que as fêmeas com a região da pélvis (bacia) ou via fetal mole (vagina, vulva ou cérvix) estreitas demais são as que contam com os maiores perigos para uma passagem normal do feto na hora do nascimento dos filhotes. Isso costuma ser bemcomum em cadelas que já passaram por algum trauma que causou uma fratura na bacia, gerando esse estreitamento da passagem.
  • Falta de assistência profissional No caso das fêmeas prenhes que vivem em regiões de difícil acesso ou falta de profissionais veterinários, a cesariana programada também é indicada – excluindo os riscos de que, caso haja uma emergência de algum tipo na hora do parto, a cadela não possa contar com a ajuda de um médico para salvá-la e realizar um procedimento de emergência.
  • Outros fatores Além das situações já expostas há algumas outras que também podem representar problemas para as cadelas que terão crias, incluindo a gestação prolongada (que, conforme explicado, causa o sofrimento fetal). Descargas purulentas pela vagina (que podem ocorrer em função da piometra durante a gestação – necessitando de um diagnóstico rápido e preciso que pode ser feito por meio do ultrassom; sendo que, se confirmada a existência do problema, se torna fundamental a realização de um procedimento cirúrgico para retirada do útero) e sinais de intoxicação (como vômitos e diarreia) durante a gestação também podem ser grandes indícios de que um parto normal poderia envolver riscos e, portanto, ao notar esse tipo de sinal na sua pet prenhe, não hesite em levá-la imediatamente para uma consulta com um profissional – já que isso pode fazer toda a diferença na saúde e na vida da mãe e de suas crias.
Assim como no caso dos seres humanos, quando há filhotes em posições anormais no útero da cadela ou quando o tamanho das crias é grande demais - fato que costuma ocorrer, principalmente, nos casos em que o cruzamento de animais ocorre entre uma cadela de pequeno porte e um cão de porte grande – a cesariana programada também é altamente recomendada, evitando sofrimento, complicações e até a morte da cadela durante o processo do parto normal. Junto com estes fatores, também há alguns outros que determinam uma situação distócica e só podem ser identificados após o início do trabalho de parto, como contrações fortes demais sem sinais de expulsão dos filhotes ou contrações fracas demais por mais de três horas enquanto a cadela já se encontra em trabalho de parto. Outro caso que evidencia a necessidade de uma cesariana é visto nas ocorrências em que uma cadela que deve ter diversos filhotes demora mais de duas horas entre o parto das crias. Consistindo em uma situação de extrema urgência, esse tipo de caso exige providencias rápidas e a realização imediata de uma cesariana de emergência.
Por que o pré-natal canino é tão importante
Expostas as motivações acima, fica claro que as cadelas prenhes devem ter suas gestações acompanhadas por profissionais, para que qualquer tipo de disfunção que possa atrapalhar o parto ou prejudicar cadela e crias seja detectado – dando a oportunidade para que, caso se faça necessário, uma cesariana seja devidamente programada.
Embora essa investigação inicial e a programação da cesárea já excluam boa parte dos riscos que as disfunções geram para o parto de cadelas, é importante saber que o resultado desse tipo de procedimento também depende do estado de saúde da cachorrinha – mostrando, mais uma vez, o quão fundamental é fazer consultas regulares com um veterinário para cuidar da saúde da sua pet fêmea; principalmente se ela apresentar qualquer tipo de sintoma fora do normal na sua vida cotidiana.
Por isso, é fundamental que as cachorrinhas gestantes contem com acompanhamento durante esse período; já que, além de poder identificar possíveis riscos, o profissional veterinário também tem condições de avaliar o estado de saúde da cadela, recomendar possíveis tratamentos para problemas pré-existentes e até definir a necessidade de administração de vacinas importantes que, por ventura, o animal não tenha recebido.
 Levando em consideração o último aspecto abordado, se torna ainda mais importante o acompanhamento de um profissional durante a gestação das fêmeas – já que, conforme sempre citamos em nossos artigos, a administração de absolutamente nenhum medicamento deve ser feita aos animais sem orientação médica. Essa recomendação ganha ainda mais peso quando o animal em questão está gerando filhotes - pois, neste caso, além dos muitos problemas que podem ocorrer em função da auto-medicação, pode ser desencadeado, ainda, o aborto das crias.


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